segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O TACHADAS

MediEval

Novilho: "Carne proveniente de animais recriados, após o desmame, cujo o abate se processa entre os 10 o 18 meses, de ambos os sexos. A carne destes animais apresenta uma cor vermelha clara, consistência firme, ligeiramente húmida e moderada gordura intramuscular." (fonte)

Medieval: Referente à "Idade Média, também conhecida como Período Medieval" que "corresponde ao período da história europeia que se inicia com a desintegração do Império Romano do Ocidente e que finda no séc. XV." (fonte)

Se à soma destes dois conceitos juntarmos alguns ingredientes característicos dos tempos modernos e saloios tais como azulejos “tascosos” a meia parede e uma grelha fumegante a embaciar o vidro da montra que até faz um quentinho a quem está por perto temos uma bonita polaroid mental do Tachadas.

O Tachadas resume-se a uma verdadeira tasca. As boas vindas dividem-se entre a pergunta “quantos são?” e o barulho intermitente e confiante do cutelo a massacrar a tábua, manejado por um pequeno ogre de 1,90m, 120kg. Não há perigo, está bem barricado no seu espaço onde tem tudo o que precisa: a grelha, as facas, a carne e a caixa registadora. Sim, o carniceiro é polivalente (mas lava as mãos entre tarefas).

A expectativa era alta: “o maior bife que já comeste!” – “e dos melhores também”. Pedi costeleta de novilho na tábua. Também havia bife à cortador (vazia) ou secretos de porco preto. Mas para fazer jus ao ambiente medieval achei que uma peça de carne com osso seria mais adequado. Não desiludiu, nem pelo tamanho nem pela qualidade. O tamanho: digno da idade média. A qualidade: grelhada no ponto, suculenta, saborosa, com muito alho e sal suficiente. O primeiro corte fez o sangue escorrer na tábua de madeira e os seguintes fizeram-me sentir um verdadeiro animal. Sou básico, gosto de sangue, gosto de carne. A acompanhar batatas fritas autênticas e uma simples salada mista.

Muita atenção… não é para meninos.

R. Esperança 174/6 Lisboa, LISBOA, LISBOA 1200-660 (mapa)
Tel: 213 976 689

Preço: 13€
Classificação:

domingo, 12 de outubro de 2008

CROISSANT BÉNARD

A MASSA!

Prefácio
Após meses de abandono e prestes a tornar-se mais um blog abandonado na blogoesfera (esta palavra faz-me sentir na moda) decidi vir limpar as teias de aranha e escrever qualquer coisa, na esperança de que esta brincadeirinha não se torne, pelo menos para já, em mais um aborto internético. Vamos ao que interessa...

Bem sei que o próprio título que se vê no cabeçalho é por si só polémico. Eleger o melhor do que quer que seja inspira sempre alguns cuidados. E pode pensar o leitor que o artigo masculino exclui à priori algumas das melhores coisas que a cidade oferece, mas não se preocupe sr. Leitor, se for necessário faremos um esforço para dar a volta ao texto...

Há muita competição, é certo, mas o croissant da Bénard não é só um croissant, é um pedaço de líbido gastronómico que me faz salivar só de pensar. De fabrico caseiro, a massa não desilude, é genuína e cozida no ponto. Podemos vê-los a entrar e sair do forno, chacinados ao meio e besuntados com chocolate cremoso ou doce de ovos da avózinha. Gostamos deste espectáculo, mas só porque são croissants... A desorganização no serviço pode por vezes adiar o prazer por alguns minutos, o que nem sempre é mau. Por outro lado, tal como uma dor de cabeça bem fingida pode resultar num "hoje não me apetece", na minha última visita a esta casa fui surpreendido com um "hoje não há chocolate". Meus amigos, não pode não haver chocolate! Seria o suficiente para reduzir substancialmente a erecção das minhas glândulas salivares, não fosse o meu desejo tão grande e não houvesse uma alternativa, o doce de ovos. Na ausência do amor puro, foi como o sexo oral, um pouco mais impessoal, mas capaz de proporcionar um bom momento de prazer. O que me vale é que sei o que perdi porque já provei, mas um coitado turista que tenha lá ido nesse dia terá que viver toda a vida imaginar como seria se houvesse chocolate.

Nota: não percebo porquê, mas fecha aos domingos.

Rua Garret 104
1200-205
Lisboa
Mapa

Preço: 1,70€ (carote)
Classificação:

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

CAFÉ DE S. BENTO

A carne!

O bife do Café de S.Bento prometia pelas descrições já feitas em fóruns, blogues, revistas e jornais. E assim foi.
Este é talvez o melhor bife de Lisboa.
Uma carne de qualidade fenomenal. Um belo naco, que se derrete no prato... um sabor excelente!
O molho no qual o bife vem embebido é suave, com uma textura aveludada! É, sem dúvida, especial mas talvez, não tão original como o do Café Império.
As batatas são caseiras, estaladiças, um primor...

Um verdadeiro néctar dos deuses!


Preço: €€€€€ (muito caro)
Classificação:

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

CAFÉ DE S. BENTO

o rolls-bife

Não sei bem como começar a descrever o melhor bife de Lisboa, e certamente arredores.
O Café de S. Bento é um lugar mítico que existe há uns 24 anos, sobejamente conhecido pelos bifes, prato único pelo que sei, e pela clientela (políticos, jornalistas e gente dessa laia). Resolvemos experimentar:

Fomos bem recebidos e chegámos à hora certa, acabando sentados na sala mais recatada ao lado do WC. O pão, quentinho. As manteigas em doses individuais, despojadas das suas cápsulas ilustradas com vacas clonadas. A imperial a borbulhar de simplicidade. Aqui não se escolhe vazia, alcatra ou lombo, tal como não se escolhe um Rolls com vidros eléctricos mas só à frente. O atendimento simpático não esquece a pergunta "bem, médio ou mal passado?", muito embora todos saibamos que tem rasteira já que só há duas respostas possíveis. O resto de pão, ainda morno, permitiu-me encetar o ritual de sacrifício por afogamento: primeiro, o dito pão, afundado no molho (mas só o miolo), acaba por sucumbir apenas na boca. As batatas são a seguir. Esperam caseiras na louça branca, uma de cada vez enquanto as outras olham. O ovo vem tão bem vestido que chega a dar pena levantar-lhe a saia para descobrir um pouco mais do naco. Mas tem de ser, todos gostamos de um pequeno acto pornográfico de vez enquando. Para completar, uma naifada lenta no lombo imponente, suculento e cobarde dá tanta luta como a manteiga que rapidamente acabou, e permite apenas confirmar que é sem dúvida carne da melhor qualidade.

Sabia de antemão que não seria um jantar barato, mas quem anda à chuva molha-se. Por isso mesmo terminámos com um cheesecake caseiro, simplório mas agradável.

Este jantar não deu lugar a protagonismos. Todos os elementos fazem o seu papel na mais perfeita harmonia, o bife, o molho e as batatas, inspirados na santíssima trindade.

Um bife de luxo, para quem pode e aprecia.

Preço: €€€€€ (muito caro)
Classificação:

domingo, 10 de fevereiro de 2008

CAFÉ IMPÉRIO

Já foi há algum tempo. Do que me lembro...

é que passava pouco das 21:00 quando estacionámos o carro. A zona não é das melhores para estacionar, mas facilmente se encontra um lugar a 5 minutos a pé do restaurante.

Música ambiente (penso que todas as sextas e sábados, mas não tenho a certeza) não chata e até agradável (já todos estivemos em jantares em que parecia que comíamos numa discoteca, para falar tínhamos que encher os pulmões e berrar...).

Notei que os meus ilustres (mas nada profissionais) colegas de avaliação não mencionaram nada que não envolvesse as papilas gustativas e a tremenda ganância por um bom naco de carne. Como tal aqui estou para vos salvar, a todos. Acho.

O estacionamento está resolvido; metro é sair na alameda; autocarro lamento, não sei; mais informações visitem o site http://www.cafeimperio.com/;

E agora o bife.

Ai, meu deus. Entrei com uma fome voraz, tudo o que era pão, manteiga, queijo, comi tudo. Não conseguia parar. Parecia que o meu espiríto tinha saído do corpo e deixado o controlo dos meus ossos a repetir os últimos movimentos que havia efectuado. Sendo que esses tinham sido "comer", a desgraça começou a desenhar-se cedo.

"O que desejam para jantar?" - TUDO! Em uníssono.

Bem, acho que não. Só na minha cabeça é que ecoavam cânticos de vitória, qual guerra ganha e búfalo caçado, em que a carne descia da montanha, assada numa fogueira de três dias...queimadinha, queimadinha.

Pedimos...não me lembro, sosseguem.

(Hum..)

Bife da vazia, pois claro, com o molho, batatas, esparregado (vício que me deste, desgraçada!), ovo.

E mais pão, claro. Eu sacrifiquei as últimas carcaças em prol de todos os deuses que me fui lembrando, na ânsia de torturar a fome que me consumia desde que tinha entrado e visto os pratos nas mesas que percorremos, até chegar à nossa. Aconselho a ficarem no andar de cima. Têm vista para a banda, ouvem a música e se tal for o caso (de ser muito má) facilmente a conseguem ignorar.

Quando lemos Café Império, na minha mais pequena mundez e mente de pessoa semi-viajada pelo mundo, sobressaiem na minha cafeça pensamentos como tudo o que pedir aqui, é 'digno de um imperador'.

Segundo sei, Marco Aurélio, além de comer deitado e com as mãos, não comia muito. Pois bem, este café império é a favor da liberelização dos gladiadores, só pode.

Veio um bife imperial (grande, mas não gigante), batatas batatas batatas (não me recordo mas acho que eram congeladas - eram boas na mesma!), o digno esparregado e o inocente ovo. Coitado, foi o primeiro a ser devorado.

O bife era bom, o molho é que dava ali a especiaria do nilo, a jóia perdida, o artefacto do poder. Enfim, era bom! Tanto era que os pães que tinham vindo foram todos gastos, imersos, afundados naquele molho...fome...e eu que nem sou gordo, já me estou a babar de novo. Bem, acho que passo um pouco o índice...

Sobremesa, café e adeus a todos.

ps.: Não foi caro para o que devorámos, acho que ficou 18€ (máximo) a cada um, sendo que não nos coibimos de pedir o que quer que fosse. Se nos prendessemos, estaríamos a prejudicar este guia que certamente será tão útil para todos vós. Darei três € para o preço, não porque sou rico ou pobre, mas porque considero que actualmente o preço médio de uma refeição ronda, sei lá, os 16€? Se for muito alto digam-me, para me armar em bom aos meus amigos!
A classificação aqui é dada pelo molho, rápido serviço e um jantar sem complicações. Tudo fácil, tudo fácil. E a música era boa. Ouvi Martinho da Vila, quem não gosta? "Canta aí professor, é devagar devagar.."

Preço: €€€ (normal)
Classificação:

CAFÉ IMPÉRIO

Dos melhores bifes de Lisboa.
A carne de boa qualidade. Mas é o molho que torna especial este prato! É uma mistura saborosíssima mas indefinida...com um ligeiro toque de caramelo...
As batatas são o ponto fraco do prato, já que são pré-congeladas. Mas o molho supera tudo.

Preço: €€€ (normal)
Classificação:

CAFÉ IMPÉRIO

Coube-me a mim fazer as honras da casa e abrir este blog com um pequeno review acerca do bife do Café Império, no contexto das procuras do melhor bife de Lisboa.

Este é um bife que conta já com muitos anos de prova, mas é um bife fiel às suas origens. Mesmo depois de ver a sua existência ameaçada pela IURD acabou por devolver a Lisboa a sua receita original de "bife à Império".

Quanto ao bife em si, comi o da vazia – carne tenra, passada no ponto, dando ares de lombo. Porém a tónica está claramente no molho, elemento distintivo do conjunto. Este é um molho que não tem vergonha de se assumir, mesmo perante um indiscreto pedaço de carne, salvo seja. Atrevido também, e sem qualquer pudor, afoga o naco e embebe-o no seu doce veneno, característico pelas notas doces do seu paladar a caramelo. Para acompanhar, o ovo bem montado e as batatas fritas. O primeiro quase não é passível de crítica, já o segundo é quase um pilar. A lógica da batata: as batatas fritas não têm que ser excepcionais, têm apenas que ser genuínas e saber nadar no molho. As batatas do Império safam-se no bruços, mas infelizmente não são genuínas, e isso significa um menos na caderneta.

Em resumo, este é um bife que cumpre o seu dever, agrada bastante mas não deslumbra.

Preço: €€€ (normal)
Classificação: